A Coleção Ricœur propõe um espaço editorial de encontro entre filosofia, literatura e ciências humanas, à altura da complexidade e da abertura que marcam o pensamento de Paul Ricœur. Este volume inaugural reúne textos derivados do I Congresso Internacional da Rede Brasil-Ricœur, realiza do na Unicamp em 2023, e articula debates sobre identidade, memória, narrativa e justiça em um Brasil atravessado por desigualdades históricas e urgências ético-políticas. Organizado por pesquisadores e pesquisadoras do Brasil, da América Latina, da Europa e da África, o livro explora as possibilidades da hermenêutica crítica em tempos de crise e transformação. O conceito de identidade narrativa, central na obra de Ricœur, é aqui revisitado à luz dos desafios contemporâneos, das epistemologias do sul e dos processos de refiguração simbólica da experiência histórica. Mais do que uma homenagem, esta obra coletiva assume a tarefa de pensar com Ricoeur, e não apenas sobre ele. Um convite ao pensamento situado, comprometido e aberto ao futuro. Como afirmou o próprio filósofo: “A responsabilidade não se limita aos atos passados pelos quais somos imputáveis; há também uma responsabilidade para com o futuro.
O ponto de partida do livro "Dos males o maior. Ensaios hermenêuticos sobre o mal de mulheres e as mulheres do mal em textos de literatura" é a preocupação com a experiência das mulheres, uma experiência que, por não ser totalmente racionalizável e solúvel numa crítica das ideologias, exige a tarefa de interpretação crítica em sentido ricoeuriano. Não contente com a complexidade desta proposta, o livro, fruto de uma disciplina de pós-graduação ministrada pela Profa. Cristina Henrique da Costa, propõe um exercício de cruzamento do problema da literatura de mulheres com o problema da representação do mal na literatura. Ao explorar as potencialidades da linguagem simbólica para falar de experiências tão fundamentais quanto a vivência de mulher e o fenômeno do mal, o livro mostra como a literatura, ao assumir certas representações de mulheres em conexão com certas representações do mal, revela seu potencial criativo ao além do que o discurso filosófico é capaz de pensar.
